QSP Summit 2024: Novas perspetivas para o futuro das organizações
Linda Hill, Costas Markides e Kindra Hall foram alguns dos oradores internacionais de destaque na 17ª edição do QSP Summit, que decorreu de 2 a 4 de julho no Porto e em Matosinhos. Este evento, o mais relevante de Gestão e Marketing da Europa, acolheu cerca de 3.500 profissionais, incluindo quadros médios e superiores das principais empresas nacionais e empresas internacionais.
Com o tema ‘Rethinking Organizations’, os participantes ouviram cerca de uma centena de oradores que debateram tema como liderança, desafios e oportunidades futuras nas organizações, além de participarem em diversos worklabs e sessões especiais.
A cerimónia de abertura, realizada no Teatro Rivoli a 2 de julho, contou com a intervenção de Domitília dos Santos, Directora Executiva, Directora de Gestão de Portfólio e International Client Advisor na Morgan Stanley. Conhecida como a “portuguesa de Wall Street”, Domitília dos Santos partilhou a sua visão sobre ‘Rethinking Organizations’, destacando a mudança nas organizações, a nova mentalidade e educação necessárias, a centralidade das pessoas em tempos de Inteligência Artificial e a definição de objetivos organizacionais e resiliência em ambientes de transformação.
Esta cerimónia antecedeu os dois principais dias do evento na Exponor, em Matosinhos, onde cerca de 100 oradores de referência partilharam as suas perspetivas sobre como repensar o futuro das organizações.
Resumos dos oradores do palco principal
Linda Hill
Linda Hill abriu o palco principal do QSP Summit 2024 com uma intervenção sobre os paradoxos da estratégia de inovação. A professora da Harvard Business School e autora de best-sellers sublinhou que inovar uma vez não é difícil; o verdadeiro desafio é manter a inovação de forma contínua. Para Linda Hill, os ingredientes essenciais para uma abordagem competitiva e consistente incluem uma liderança humilde que ouça as minorias, uma mentalidade que aceite o vazio e a insegurança com abertura de espírito, e equipas inclusivas e diversificadas que promovam a cocriação, pois todos devem contribuir para a inovação.
Além disso, é fundamental contar com talento capaz de integrar o futuro no presente e ir além das fronteiras convencionais, bem como ter agilidade para errar, destruir ideias antigas e experimentar novas abordagens. Hill destacou também a importância de reconhecer a interdependência e facilitar parcerias no ecossistema de inovação, transferindo competências entre parceiros.
Segundo Hill, dos cinco requisitos de liderança para a inovação – adaptabilidade, criatividade, curiosidade, conforto com a ambiguidade e orientação para o uso inteligente de dados – a curiosidade é o único que continua a crescer significativamente. Esta característica é vital para sustentar a inovação contínua e eficaz nas organizações.
Ravin Jesuthasan
Ravin Jesuthasan, autor, professor e Global Leader of Transformation Services na Mercer, destacou a evolução das organizações desde a Segunda Guerra Mundial até hoje, marcada pela democratização da informação e do trabalho. Esta transformação fragmentou as atividades e diversificou as necessidades funcionais de cada colaborador, evoluindo a relação do Homem com o trabalho de um modelo “um para um” para “muitos para muitos”.
Hoje, o Homem precisa de um ciclo contínuo de aprender-aplicar-desaprender-reaprender-aplicar, reduzindo o “gap” geracional nas organizações. A inteligência artificial (IA) é utilizada transversalmente por líderes e colaboradores, potenciando a produtividade e os ganhos das empresas sem substituir postos de trabalho. Jesuthasan enfatizou a necessidade de que o talento flua conforme os desafios organizacionais, nutrindo os recursos humanos para acompanhar o desenvolvimento e crescimento das empresas.
Scott Morrison
Líder empresarial multipremiado e fundador da empresa de impacto em liderança The Boom!, Scott Morrison abordou a temática ‘Desbloquear e Libertar o Potencial’. Para Morrison, os líderes devem criar impacto, já que pessoas tendem a importar-se mais com o que as fazemos sentir do que com o que fazemos ou dizemos. Para isso, é necessário evitar três erros comuns: mindset errado, inércia criativa e o pensamento “business as usual”.
Morrison apresentou a Trilogia do Impacto: Cultural, Criativo e Comercial. No impacto Cultural, é essencial gerar segurança psicológica para que a audiência se sinta integrada e livre para arriscar. No impacto Criativo, destacou quatro superpoderes: o Hacker, que sempre vê algo a melhorar; o Maker, que lança ideias sem medo; o Teacher, que está sempre disposto a aprender e reaprender; e o Thief, que reaproveita soluções existentes. No impacto Comercial, é fundamental pensar de forma inovadora e fugir do pensamento “business as usual”.
Rohit Bhargava
Rohit Bhargava, fundador da Non-Obvious Company, é autor de best-sellers sobre marketing, narração de histórias, tendências e diversidade – o seu livro de assinatura, Non-Obvious, foi lido ou partilhado por mais de 1 milhão de leitores. Bhargava destacou no QSP Summit 2024 a importância de prever o futuro através do pensamento não-óbvio, resumindo a sua palestra em dois objetivos principais: o que é necessário para ser um pensador não-óbvio e algumas tendências para o futuro. Para se tornar um pensador não-óbvio, é essencial criar espaço físico e mental para novas ideias, observar a realidade com dedicação para descobrir novas perspetivas, focar-se aceitando diferentes possibilidades e definir uma característica que nos torne únicos.
Quanto às tendências para o futuro, Bhargava sublinhou a importância de utilizar a imprensa certificada para validar a veracidade e originalidade da informação, aumentar a criatividade para reduzir o tempo investido e testar novos conceitos, e a companhia virtual para realçar os benefícios de nos sentirmos acompanhados, especialmente no trabalho. Além disso, destacou a relevância das experiências de entretenimento imersivo como ferramentas de impacto e do consumo ponderado devido à crescente consciencialização ecológica dos consumidores.
Christina Stathopoulos
Christina Stathopoulos, fundadora da Dare to Data, ajuda indivíduos e empresas a avançar na sua jornada de dados. No QSP Summit 2024, la abordou a tensão atual sobre a IA substituir o trabalho humano, comparando este receio a momentos históricos como a Revolução Industrial. Enfatizou que as pessoas devem aprender a usar a ciência dos dados e a IA em seu benefício. Desde os anos 90, a IA cresceu exponencialmente devido à explosão de dados, poder computacional e melhoria dos algoritmos, transformando negócios e tornando-os mais rentáveis.
Stathopoulos alertou que, embora a Gen-AI esteja em alta, o interesse deverá estabilizar. As empresas não devem investir cegamente nesta tecnologia, mas sim considerar outras ferramentas como a Inteligência Descritiva, Visão Computacional, Inteligência Preditiva e Processamento de Linguagem Natural, que podem oferecer melhores resultados. A IA pode reduzir riscos em trabalhos perigosos e eliminar tarefas repetitivas, mas enfrenta desafios como má informação, viés e gestão de mudança. Para o futuro, recomendou focar na criação de valor, potenciando conhecimentos, promovendo a literacia em IA e democratizando dados.
Costas Markides
Costas Markides, autor best-seller, orador e professor na London Business School, abriu o palco principal no dia 4 de julho, o segundo dia do QSP Summit 2024 na Exponor. Markides discutiu a necessidade de repensar a estratégia num mundo instável. No passado, a estratégia consistia em encontrar um posicionamento distintivo, executar nesse objetivo e defender essa posição. Atualmente, devido à disrupção constante, as organizações devem estar sempre alertas para inovações que podem influenciar os negócios.
Markides explicou que novas ideias, mercados e formas de viver configuram ameaças ao “negócio habitual”, mas também representam oportunidades de evolução e crescimento. A realidade torna-se mais complexa com as diversas ameaças que circundam as organizações. Markides concluiu que a estratégia moderna deve combinar ações de ataque a novos mercados e defesa dos mercados existentes, operando em várias frentes simultaneamente. Isso exige maior resiliência, agilidade e lideranças empáticas.
Kindra Hall
Especialista de referência em storytelling no mundo dos negócios, Kindra Hall é procurada por marcas globais para ajudar a comunicar o valor das suas empresas e produtos através de storytelling estratégico.
Segundo Hall, o storytelling funciona tão bem porque os humanos estão desenhados para prestar mais atenção quando nos é contada uma história. Conectamo-nos com quem a conta e co construímos uma memória do que nos é contado, facilitando a lembrança posterior. Uma história eficaz não é uma simples cronologia da empresa, dados, números ou jargões, mas uma narrativa com início, meio e fim que nos capta no momento e transmite emoções. Hall concluiu a sessão partilhando as suas estratégias para um bom storytelling: encontrar a nossa história, fazer um rascunho e, finalmente, contar a nossa história.
Resumos dos worklabs
Worlab – “Thinkers Hall” – “O que faz um bom líder? Os ‘ABCs’ de uma grande liderança”
Linda Hill (Autora best-seller, oradora e professora na Harvard Business School) e João Dolores (CFO da Sonae – moderador)
Linda Hill destacou que a inovação na gestão não depende apenas de uma visão clara, mas de criar um ambiente positivo e adaptável. Para isso, os líderes devem ser compreendidos, criar ligações emocionais e ser inovadores. Enfatizou a importância de focar no que podem fazer, ser versáteis e aceitar erros, pois são essenciais para a inovação.
Hill apresentou três pontos chave para a inovação nas empresas: Creative Abrasion, Creative Agility e Creative Resolution. A diversidade nas equipas de liderança e o foco no propósito do negócio são cruciais. Quando diferentes partes da empresa colaboram, a inovação torna-se mais fácil e eficaz.
Worklab – “Como é que as pessoas mudam e influenciam as organizações para a mudança”
Lídia Jorge (Escritora), Rodrigo Guedes de Carvalho (Escritor e jornalista da SIC) e Maria João Costa (Editora de Cultura da Rádio Renascença)
Este painel destacou a importância de incluir figuras fora da gestão para enriquecer o debate com suas experiências. Lídia Jorge, Rodrigo Guedes de Carvalho e Maria João Costa exploraram dois tópicos principais: a essência do ser humano e a influência da Inteligência Artificial e tecnologia. Sublinharam a importância de sermos autênticos, de escutarmos a nossa essência, de acedermos às emoções nossas e dos outros, de sermos inovadores e empáticos, de lidarmos com frustrações e de praticarmos uma liderança pelo exemplo. Foi discutida a necessidade de não entregar tudo às máquinas, reconhecendo o desafio crescente de distinguir entre o que é humano e o que é tecnológico. Destacaram ainda a importância de aproveitar as vantagens práticas da IA, como a antecipação e precisão, enquanto permanecemos genuínos e conscientes do que queremos das máquinas.
Worklab – “A ciência das grandes equipas”
Imran Rehman (CEO da Kokoro GmbH) e João Franqueira (Chief People Officer da Coverflex)
Numa sessão muito participada, os oradores partilharam informações sobre três variáveis essenciais para o sucesso das equipas: sentimento de pertença, segurança psicológica e “flow”. O sentimento de pertença motiva a equipa, proporcionando direção e bem-estar. A segurança psicológica envolve confiança mútua, permitindo discussões abertas e rápidas decisões. O “flow” surge quando as atividades fluem naturalmente, sem pressa ou sensação de estagnação. Os oradores destacaram a importância de dedicar tempo para desenvolver estas práticas, promovendo recorrência, confiança e compromisso para criar equipas de excelência.
Worklab – “O futuro do Marketing”
Filipa Almeida (Diretora de Comunicação da Uber Portugal), Filipa Appleton (Head of Area Brand & Marketing no Continente), Gonçalo Nascimento (Coordenador de País e Diretor Geral da Divisão de Produtos Profissionais da L’Oréal em Espanha e Portugal), João Matos (Diretor Global de Marketing e Inovação na Johnnie Walker) e Carlos Sá (Presidente da APPM)
Neste debate, foram apresentados vários pontos de vista sobre o papel do marketing no futuro, assim como o propósito deste para as empresas e marcas, tendo em conta a evolução do consumidor. Foi consensual a ideia de que as necessidades do consumidor estão e estarão sempre na base estratégica do marketing: é essencial saber quem é o consumidor, como é, quais são as suas necessidades e até antecipar aquelas que ainda não surgiram. O perfil do consumidor está a mudar radical e rapidamente, sendo o grande desafio das empresas acompanhar e antecipar essas necessidades. Neste mundo VUCA, o marketeer tem de ser um “changer” e a agilidade será a palavra-chave.
A recolha de dados e o seu tratamento com ferramentas de IA têm permitido às empresas antecipar tendências, tomar decisões sustentadas e melhorar a experiência do consumidor, passando de um marketing “para todos” para um marketing “para cada um”. O departamento de marketing propriamente dito terá tendência a desaparecer, uma vez que estará integrado em todas as vertentes de cada empresa, especialmente em cargos de direção e decisão.
Worklab – Trends Forum
Céline Abecassis-Moedas (Dean for Executive Education na Católica Lisbon), João Duque (Professor Catedrático de Finanças e Presidente do ISEG), José Esteves (Dean na Porto Business School), Maria João Cortinhal (Dean na Iscte Business School), Pedro Oliveira (Dean na Nova SBE) e Carlos Daniel (Jornalista e Diretor do Centro de Produção Norte da RTP – moderador)
Vivemos num mundo em constante mudança, e é importante discutir os temas emergentes e como o mundo académico em Portugal lida com essas transformações. Nos últimos anos, Portugal tem ganhado visibilidade nos campos da gestão, economia e finanças no ensino superior, criando uma competição saudável entre instituições que se esforçam para superar-se. Os oradores afirmam que, apesar de os jovens questionarem cada vez mais a importância do ensino superior, as instituições dotam os seus estudantes de habilidades cruciais para a vida profissional.
Duas grandes tendências de futuro foram destacadas: Inteligência Artificial e Sustentabilidade. Em relação à IA, os oradores sublinharam a necessidade de as instituições abraçarem a mudança, em vez de resistirem e criarem regulamentações restritivas. As instituições devem preparar os estudantes para um mundo onde a IA é omnipresente, ensinando-lhes como utilizar essas ferramentas de forma eficaz no seu dia a dia profissional. Quanto à sustentabilidade, foi destacado que não se trata apenas de uma questão climática, mas também de pontos ambientais, económicos e sociais. A adaptação a essas mudanças é crucial, e é necessário educar continuamente os estudantes sobre a sustentabilidade em várias áreas e questões de negócios.
Worklab – “Como melhorar o bem-estar organizacional”
Cary Cooper (Professor de Psicologia e Saúde Organizacional na Alliance Manchester Business School) e Duarte Araújo (Board Advisor)
Considerando o estado atual da relação entre os colaboradores e as suas organizações, Duarte Araújo começou por caracterizar o fenómeno de baixo compromisso com a organização, exemplificado pelo desejo constante de que cheguem as 18h00, a sexta-feira ou o próximo período de férias. A natureza humana não nos permite relacionar o amor em grande escala da forma desejável, o que dificulta a relação com as organizações.
Cary Cooper explicou que o bem-estar nas organizações ganhou destaque por vários motivos. Hoje, a maioria do absentismo é causado por doenças relacionadas com o stress e/ou ansiedade. Além disso, as gerações mais novas são mais sensíveis ao equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e não aceitam as estruturas hierárquicas tradicionais. Estes fenómenos resultam em custos elevados devido ao absentismo, baixos níveis de produtividade e altos rácios de rotação laboral. Cooper destacou as principais variáveis explicativas das doenças relacionadas com o stress, sublinhando a importância da chefia direta e do número de horas de trabalho.
Worklab – “A nova vaga do Retalho”
Ana Cláudia Ruiz (General Manager da Coca-Cola Portugal), César de Vicente (Chief Global Retail Officer da Mango), Cláudia Lourenço (General Manager da Procter & Gamble Portugal) e Gonçalo Lobo Xavier (General Manager da APED)
Neste worklab, foram discutidas as novas tendências no setor do retalho, focando-se na sustentabilidade, transformação digital e tendências futuras. Em relação à sustentabilidade, as empresas sublinharam a importância de adotar práticas além do exigido por regulamentações, abordando desde a redução de emissões de CO2 até ao uso de energias renováveis. A regulamentação europeia é vista como positiva, facilitando a uniformização de práticas.
Na transformação digital, a tecnologia é vista como um facilitador essencial. Upskilling e reskilling são constantes, com as empresas utilizando “chatGPTs” internos para melhorar a eficiência e a relação com os clientes. A omnicanalidade é crucial para oferecer uma experiência holística ao consumidor. A discussão terminou com previsões de tendências futuras: mais refeições pré-feitas, produtos diferenciados, hiperpersonalização e uso crescente de realidade aumentada, destacando sempre a importância da relação humana.
Worklab – “O futuro da gestão”
António Casanova (CEO da Unilever FIMA & Gallo Worldwide), José Pina (CEO da Altri), José Teixeira (Chairman do DST Group) e Cristina Rodrigues (Managing Director da Capgemini Portugal)
O painel discutiu a aplicação prática da IA nas empresas, destacando três níveis: substituição de tarefas burocráticas, melhoria do planeamento produtivo e logístico, e otimização do advertising. Todos concordaram que a IA e a GEN-IA são essenciais para a vantagem competitiva, mas não substituirão os humanos nas decisões e liderança, pois aspetos como a intuição são irreplicáveis.
Para reter talento, as empresas devem ser produtivas, oferecendo boas remunerações, flexibilidade de horário e trabalho remoto. É crucial envolver os funcionários com comunicação simples e ligação emocional, fazendo-os sentir parte integrante da empresa. A experiência dos líderes é fundamental, pois há métricas que não captam o não quantificável.
Worklab – “A nova era da hospitalidade”
Beatriz Carranza (Luxury Brand Specialist & International Markets Growth Advisor), Cristina Borges de Carvalho (Marketing Director @ Puente Romano Beach Resort & Nobu Hotel Marbella), Yannis Stanisiere (Chief Operating Officer @ COYA Group) e Marina Comes (Luxury Travel Content Creator)
Os oradores discutiram as novas tendências e a evolução no setor hoteleiro, focando-se na colaboração entre moda de luxo e hotelaria, a ligação emocional com os hóspedes e a importância do luxo na hospitalidade. A coexistência de três ou mais gerações, incluindo a mais velha com maior longevidade, tem alterado os padrões de consumo e despesa. O ponto comum é a procura de experiências, embora o tipo de experiências varie. Com menos tempo disponível, o lazer nos resorts torna-se mais interessante do que as compras em outlets. As marcas de luxo podem oferecer experiências diversas relacionadas com os seus produtos, como laboratórios/testes, workshops e eventos. A diversidade de propostas, incluindo entretenimento e gastronomia, obriga a acomodar restaurantes Michelin, além de parcerias com fabricantes de automóveis de luxo.
Para criar uma ligação emocional com os hóspedes, é fundamental que o staff se adapte e personalize o serviço conforme os pedidos dos clientes, o que também envolve recrutar talento e ser capaz de remunerar adequadamente. A importância do luxo na hotelaria reside na criatividade, na compreensão do que o cliente está disposto a pagar e no reconhecimento da importância da sustentabilidade. Para além de publicitar práticas sustentáveis, é essencial educar os clientes para que compreendam e participem nessas práticas.
Worklab – “Como a IA Generativa está a acelerar a transformação digital das empresas”
Lucas Perraudin (Fundador da Mula Digital)
A sessão destacou a expressão “As empresas são tão boas quanto a qualidade dos seus dados”. Lucas Perraudin sublinhou a presença da inteligência artificial em todas as áreas, com especial ênfase na Platform AI e na IA Generativa, que terá um grande impacto em vendas e marketing. Na empresa Mula Digital, as tarefas são priorizadas por importância, complexidade e adequação à automação, facilitando a aplicação da IA nas mais relevantes. A sessão terminou com uma discussão sobre os riscos da partilha de dados com plataformas externas, a regulação dos dados e a tomada de decisões informadas nesse contexto.
Worklab – Estratégias Sustentáveis para as Organizações
Sofia Santos (CEO da Systemic) e Mafalda Guedes (Head of Corporate Communications & Sustainability na Sogrape e 4ª geração da família fundadora – moderadora)
Vivemos num mundo de contrastes, onde as empresas falam sobre sustentabilidade, mas muitas vezes investem de forma inconsciente. A sustentabilidade, embora discutida há anos, ganhou relevância recente com a perceção de que a falta de práticas sustentáveis pode causar perdas financeiras, ligando gestão, finanças e ambiente. Muitos associam os nove limites planetários a soluções tecnológicas, mas isso é irrealista. Falhas de sustentabilidade causam desastres naturais que afetam a economia e os negócios, criando riscos. Regulamentações atuais exigem que países e empresas sigam princípios de sustentabilidade, movendo-se do crescimento para a prosperidade. Estudos mostram que a temperatura deve ser incluída no cálculo do PIB, pois o aumento da temperatura reduz o PIB. As empresas devem adaptar-se, passando da maximização do lucro para a criação de valor para a comunidade e para si mesmas.
Resumos das sessões especiais
CEIIA Special Session
António Laranjo (Coordenador da candidatura ao ao Mundial 2030), Dolores Silva (Capitã da Seleção Nacional de Futebol Feminino de Portugal), Miguel Poiares Maduro (Diretor da Global Law School na Universidade Católica de Lisboa), Pedro Gaspar (Diretor de Tecnologia de Negócios Futuros no CEiiA) e Diana Bouça Nova (Jornalista na CNN Portugal – moderadora)
Os oradores discutiram o conceito da app “Player Zero”, que transforma todos os adeptos em agentes de impacto ambiental. A app permite medir as emissões evitadas e seguir a pegada ecológica, facilitando o controle e a tomada de consciência. Em termos macro, cria-se um ativo ambiental para compensar ou anular o impacto ambiental do evento, recompensando comportamentos positivos e mudando mentalidades. O objetivo é que a app atinja 4 mil milhões de utilizadores, gerando um legado social com efeitos diretos nas gerações mais jovens, que já pressionam os pais para decisões mais sustentáveis.
A discussão também abordou os desafios da candidatura ao Mundial de 2030, onde Marrocos se juntou a Portugal e Espanha. Com três países e dois continentes, os requisitos da FIFA são exigentes, mas a ambição é criar padrões sociais e ambientais. A inovação, o investimento e o legado social são pilares fundamentais. O papel social e económico do futebol foi enfatizado, com um impacto de 3,7% no PIB da UE, o dobro da agricultura. A participação feminina no último Mundial foi um grande motivador para os jovens, e os jogadores são influenciadores importantes, imitados por muitos. A transparência, supervisão e reputação dos patrocinadores são cruciais para o sucesso e sustentabilidade do evento.
TPNP (Turismo do Porto e Norte de Portugal) Special Session
Carlos Abade (Presidente do Turismo de Portugal), Leonardo Marras (Ministro do Turismo da Região da Toscana), Michael Otremba (Vice-Presidente da City Destination Alliance) e Luís Pedro Martins (Presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal)
Atualmente, as organizações turísticas enfrentam dois grandes desafios: o digital e o ambiental. O desafio digital exige que se adaptem a uma procura cada vez mais tecnológica, onde vender não depende apenas do marketing, mas também da tecnologia para se destacar. Já o desafio ambiental envolve a implementação de programas de gestão de território, promovendo o turismo sustentável através de parcerias entre entidades turísticas e regionais.
Para serem relevantes, os destinos turísticos precisam entender a procura dos turistas e criar experiências interessantes. Além disso, devem destacar-se pela autenticidade e genuinidade, investindo nas empresas turísticas, no território e nos negócios locais. Ajustar as estratégias aos desafios atuais e manter a consciência das especificidades do território são essenciais para o sucesso.
Tabaqueira Special Session
Marcelo Nico (General Manager da Tabaqueira), Maria Castello Branco (Comentadora Política na SIC), Salvador Martinha (Humorista), Diogo Agostinho (COO do Jornal ECO), Bruno Batista (Chairman do Grupo GCI) e Ana Patrícia Carvalho (Jornalista – moderadora)
Atualmente, inovamos principalmente por necessidade e instinto, evitando o óbvio e o normal. O futuro da inovação passa por produzir mais localmente (na UE), reduzindo a pegada carbónica e estimulando a economia. Para isso, o risco deve ser aceito como parte do processo, e a sustentabilidade torna-se um objetivo, com a “eletrificação” das nossas vidas sendo inevitável.
As políticas públicas também têm um papel crucial na aproximação dos cidadãos a esta realidade, especialmente os mais jovens, pois a mudança depende tanto da ação individual quanto da ação de grupo. No contexto político, a liderança é fundamental, com a necessidade de emergirem líderes que inspirem pessoas a nível nacional e europeu. A Humanidade precisa de líderes para ativar, guiar e orientar as pessoas.
Diaspora Prime Special Session
César Barbosa (Fundador e Vice-presidente da TUGA Innovations Inc.), Gonçalo Terenas (Head of International Committee na Diaspora Prime Portugal), Mafalda Rebordão (Young Leader, Board Advisor e autora publicada), Ricardo Costa (CEO do Grupo Bernardo da Costa), Tim Vieira (Fundador da Brave Generation Academy) e Linda Pereira (Senior Partner e CEO da L&I Communications Group).
O painel começou com uma ode ao que Portugal tem de melhor: a história, o povo, o sol, a gastronomia, as instituições de ensino, a resiliência, o talento, a criatividade e a inovação. No entanto, os participantes acreditam que isso não é suficiente. Apesar das qualidades, ainda há muito a melhorar, e é nesse contexto que surge a Diaspora Prime Portugal, um consórcio com o objetivo de empoderar as empresas.
Os participantes destacaram que, como país, Portugal precisa de uma visão estratégica e ambição, atualmente ausentes devido à falta de alinhamento entre o governo, as empresas e as associações. Esta ausência de visão e planeamento a longo prazo leva muitos jovens qualificados a abandonarem o país, gerando instabilidade e imprevisibilidade tanto para os portugueses quanto para os investidores. Contudo, a responsabilidade não pode ser colocada apenas nas instituições governamentais; todos têm um papel importante. Repensar a educação, participar ativamente na mudança e apoiar a inovação são passos fundamentais. A sessão terminou em tom positivo, destacando o talento, a resiliência, a audácia e a capacidade adaptativa dos portugueses, apelando a que todos acreditem em Portugal e trabalhem juntos para um futuro melhor.
ISAG Special Session
Ana Lehmann (Professora e Membro do Conselho de Administração na FEP U. Porto), Bárbara Sousa (Professora e Investigadora no ISAG), João Pacheco de Miranda (Jornalista na RTP), Rui Miguel Nabeiro (CEO do Grupo Nabeiro – Delta Cafés) e Mariana D’Orey (Jornalista)
Num mundo de rápidas mudanças, como podem as empresas preparar-se para o que está e vai acontecer? Este painel abordou esta e outras questões numa perspetiva sistémica, considerando o “reskilling” de toda a comunidade. Desde as políticas públicas, passando pelas comunidades locais, instituições de ensino, organizações e, finalmente, indivíduos através da sua própria iniciativa, o painel discutiu a necessidade de interação entre todos os stakeholders para agilizar processos e responder eficientemente às necessidades de todos os envolvidos.
A inovação e o fator humano foram destacados como cruciais para dar respostas adequadas à diversidade e às necessidades do mercado atual. A abordagem incluiu a importância de políticas públicas, a participação das comunidades locais e instituições de ensino, além da necessidade de as organizações serem transversais e adaptáveis.
Decunify Special Session
Sara Batalha (Fundadora e CEO da MTW), José Manuel Fonseca (CEO do MDS Group e Brokerslink), José Manuel Oliveira (CEO da Decunify) e Estela Machado (Jornalista e Diretora de Informação do Porto Canal – moderadora)
O painel começou por abordar como a mudança aconteceu, destacando que, em certo ponto, os recursos para “treinar líderes para comunicar o seu valor” foram desafiados, levando à adoção da automatização e do adaptive learning. Sobre o papel da tecnologia na liderança, discutiu-se que ela deve servir para aumentar as capacidades de pensamento. Taticamente, proporciona rapidez, qualidade e menos erros, enquanto estrategicamente dá inteligência aos dados. A questão relevante é: quais são as aprendizagens críticas na sua organização e como podem ser antecipadas daqui a um ano?
Em relação às pessoas, há setores onde o impacto da tecnologia é mínimo, como na restauração, onde a coordenação, consistência, criatividade e dedicação são cruciais. O desafio à estabilidade e retenção está no talento jovem, e é essencial saber desde cedo quanto tempo eles vão ficar e como podem contribuir para o negócio. Só assim é possível definir desafios, condições de trabalho e remuneração apropriadas.
NTT Data Special Session
Pedro Lavinha (Advertising & Communication Director na Tangity Portugal), Filipa Bello (Head of Brand and Creative na Zippy / Losan), Rita Álvaro Dias (Deputy Director of Global Brand na EDP), Sérgio Carvalho (Head of Marketing na Fidelidade) e Ester Leotte (Head na Tangity Portugal)
Pedro Lavinha deu início à sessão expondo as possibilidades da IA aplicada ao trabalho de marketing. O trabalho do marketeer está cada vez mais focado na elaboração de um bom briefing, compilando fontes de dados e adaptando estratégia, público-alvo, métricas, mensagem e posicionamento. A tecnologia veio facilitar a criação e adaptação de conteúdos, embora também tenha trazido algumas limitações.
O painel de convidados abordou o papel do CMO, que deve pensar em três gerações e adaptar-se e evoluir constantemente. Discutiu-se também como a tecnologia integra cada vez mais o dia-a-dia do marketeer e do próprio negócio. Finalmente, foram destacadas as competências do profissional de marketing, que hoje deve estar capacitado para “falar” diferentes línguas, integrando TI, marca, comunicação e imagem.
Área de exposição
A área de exposição do QSP Summit 2024 contou com mais de 130 marcas key players, proporcionando oportunidades de networking e experiências únicas para os participantes.
O QSP Summit continua a afirmar-se como um palco para a partilha de conhecimento e inovação, destacando-se também pelo seu compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social. As discussões sobre inteligência artificial, sustentabilidade organizacional e mudança cultural foram centrais, refletindo a importância de repensar as organizações para enfrentar os desafios futuros.
O sucesso desta edição reforça a posição do QSP Summit como um dos eventos de referência em gestão e marketing, contribuindo para a formação e atualização de profissionais e líderes empresariais.
Para mais informações, visite o site oficial do evento: www.qspsummit.pt.
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